quinta-feira, 16 de julho de 2015

 De tudo que admiro, que desejo, que anelo;
 A Ti, guardei nos átrios da divina
 Esperança. Acima das leis e das doutrinas
 Tu vives, sem cartilha, do que é belo.

Mesmo ao homem que te fere com cutelo,
 És a eficaz – e infalível – lamparina;
 És o alimento, o nutriente; a vitamina,
 E um abrigo suntuoso, qual um castelo.

Ai dos homens que te exilam, nua;
 Dos que te trancam casa afora, na rua,
 Que repudiam Tua glória eterna.

Mas, mesmo a eles, perdoas; pois conheces,
 E sabes que Te invocarão nas preces;
 E Tu te aproximarás: com paz; materna.
Fábio Rezende

terça-feira, 14 de julho de 2015

POTESTATEM

Por ti, quantas foram as guerras e quantas
Vezes se perdeu o controle, e a paz, e a calma?
E quantos venderam corpos? Quantas almas
Foram ceifadas como pobres plantas?!

Falo contigo! Olhe-me! Espanta
Saber que thanatus come na palma
Das tuas mãos, portadoras dos traumas
Castigando os seres que encantas?

Ao teu paladar, agrada a ganância,
És presente desde a tenra infância,
Qual ânsia por requintado cardápio.

Ora! Quem dera fosses mais distante!
Uma província (menos importante),
Não este significante larápio.

Fábio Rezende

sexta-feira, 10 de julho de 2015

SIMULATIO

Rainha do mundo, de idiossincrasias
Vãs e desprezíveis como a imundície;
Falsa; tens somente a superfície,
Pois, ter essência, tu não poderias.

Alimenta-te do que te alimentaria;
Se fosses realmente viva e fugisse
De ti mesma, por irregular planície
Do mundo criado por sua mania.

O cego, a ti, profere bajulações mil,
Em sintonia com todo o vazio
Do que jamais te chamaria.

Tu, te denominas: Admirada,
E chega a acreditar que és amada,
Mas, fostes batizada de Hipocrisia.
Fábio Rezende

quinta-feira, 9 de julho de 2015

DEVORADOR

Tempo; devorador de "hojes", invisível,
Que, enquanto é futuro, é dilatado,
Que torna-se curto, quando passado,
Na frialdade do irreversível.

O grito mais forte será inaudível,
Nossos passos sempre serão levados,
Para um destino comum e gravado,
No espaço escuro e insensível.

Levará cada gota de saúde,
Dormiremos em querer, amiúde,
De olhos eternamente fechados.

E este implacável devorador,
Aos póstumos do pobre escritor,
No tempo exato, fará finados.
Fábio Rezende

SINGULAR

Os séculos lutam, de forma reticente,
Por uma compreensão do Teu significado,
Para conceberem Teu futuro e Teu passado,
Numa abstração concreta do presente.

Analogamente, Moisés ergueu a serpente
No deserto, como fora crucificado
Jesus, e quem O enxerga será curado,
De mazelas ocultas; internamente.

Longe de um déspota; de um tirano,
Aos deletérios deleites mundanos,
Sobrepôs magnânima proposta.

Homens têm líderes restritos - humanos,
Sábios seguem-Te, Arcano e Soberano,
Na Singularidade de todas as respostas.
Fábio Rezende