Se ainda tens voz, órgão pulsante,
Para um derradeiro grito triste;
Face ao pranto e tudo o que ouviste,
Grite as dores no som dissonante.
Verás que, ao amor, não se resiste,
Que tiveste no peito o penetrante...
sentido sublime e estonteante,
E perdeste, facilmente, o que sentiste.
Coração sintético, tu disseste...
que de nada vale amar e morrer
num leito triste, frio e repugnante.
Podes morrer de amar sem temer,
e viver, ainda, o amor que te veste
e te alimenta, órgão flamejante.
Fabio Rezende