sábado, 26 de novembro de 2011

VÃO

Abutres me espreitam, não entendo
Sinto adormecer meu corpo frio
Versos soturnos e um arrepio
Minh'alma flutua, eu não me rendo

Estarei eu, vivo ou morrendo?
Pois, não vejo cor, sinto um vazio
E a tristura fúnebre do rio
E eu, longe de mim, me arrependo

Por não ter vivido, estando vivo
Não chorar por nada e ser altivo
É tardio meu pranto, minha dor forte

Perdi a existência na idade
Então, me resta a eternidade
Para querer viver depois da morte.
Fabio Rezende

domingo, 13 de novembro de 2011

ABSINTO ABSTRATO

Tu és meu absinto abstrato
Eu, vaso cheio do vazio
Enche-me de amor e de frio
Na ausência tua; o teu retrato

E, nessa ausência, me maltrato
Pois, o meu pranto jaz num rio
Verto minh'alma no arrepio
Do meu amor, vero e ingrato

E o fogo astuto, congelante
No peito morto e inerte
Do poeta cinza, num ato

Que, de brusco e delirante
Foi ter contigo, sem ver-te
Na minha morte que me mato
Fabio Rezende